O homem, medíocre ou moderno?

     E tu morrerás em vão, como todas as outras formigas. Morrerás sem ser lembrado, sem feito grandioso algum, sem amor, sem sorte e sem vida. Teus suspiros últimos de arrependimento não mais valerão de nada, serás torpe, em tua essência. Se, por muito, fores lembrado por tua família, será por desgosto.

     Tu andas em meio ao amontoado de formigas sem perceberes que és a mais fútil delas. Acordas, levantas, escovas teus dentes, tomas café da manhã e ficas dez horas na empresa. Na volta, só há tempo de dar um beijo nos filhos e esposa e vais dormir. E aos fins de semana, cerveja, futebol e almoço diferenciado, nada de mais.

    Não gostas de teu emprego, não te satisfazes com teu casamento, ignora teus filhos, tu és a cara do homem moderno. Teu chefe, pensando em ser superior a todos, pertence a mesma classe, num suposto complexo de inferioridade, te menospreza, te joga ao lixo, e tu invejas! Não minta para mim, sei que tu invejas. O poder de poder mandar, tu querias isso, não?

    No caminho, trânsito e estresse. Ao que parece, toda tua vida é feita para te maltratar. Para ti, és uma grande vítima, ao sistema, és um escravo. Tu dormes? Tu comes? Tu vives? Tu fazes tudo isso direito? Não queres nada da vida. Na verdade, tu queres, tu sabes disso. Só não sabes como conquistar teus desejos mais íntimos. Uma ida ao Shopping, uma ida à Igreja, uma ida ao Cemitério. Entendes teu contexto, meu caro submisso? Não entendes! Achas que é elite!

    Não aceitas teu filho artista, queria-o advogado. Não aceita tua filha progressista. Teu filho tido enrustido então... Nem pensar! Queria filhos fortes, que fizessem aquilo que tu não fizeste: manter um status.

    Eu sei, te machuca saber disso, mas tu finges não saber, tu és medíocre. Tu és substituível, tu és um reles mortal!

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